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Ford fecha as portas no Brasil. E agora?

O fechamento das três fábricas do Grupo Ford no país pegou todo o mercado automotivo brasileiro de surpresa. Com o fim da produção nas plantas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller (Horizonte, CE), modelos com grande volume de vendas saem de linha. É o caso da família Ka (hatch e sedã) e o SUV Ecosport, o pioneiro no segmento. Também sobrou para o aventureiro raiz Troller T4, que tem uma legião de fãs no Brasil. Mas, e agora, como ficam os consumidores que têm um Ford na garagem?

O momento não é de desespero para os proprietários de modelos da marca do oval azul. Ka e Eco seguem vendendo até zerar os estoques nas lojas e nos pátios da montadora, enquanto o Troller segue sendo fabricado até perto do fim do ano. Mesmo depois disso tudo, não espere desvalorização desses produtos. Nesse primeiro momento, aliás, deverá haver uma corrida por esses carros, afinal, são produtos bons e que terão uma margem maior de negociação nas concessionárias.

O mesmo vale para os carros usados e seminovos da Ford. Os preços seguirão no mesmo patamar de ontem, antes do anúncio bombástico da montadora no Brasil. Os modelos que têm garantia de fábrica continuam com a cobertura, afinal, as concessionárias seguem abertas e a Ford vai garantir todas as peças novas destes modelos por pelo menos 10 anos.

Não tenha medo, portanto, de comprar um Ford. Seja zero km ou seminovo. O momento não é de desespero para os clientes. O que a Ford precisa saber zelar é com os mais de 5 mil funcionários que vão perder seus empregos com o fechamento das fábricas. Esses sim, são os mais prejudicados por essa situação.

Entenda mais

A Ford anunciou que atenderá a região com seu portfólio global de produtos, incluindo a picape Ranger produzida na Argentina, a nova Transit, o Bronco, o Mustang Mach 1, e planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados.

A montadora afirmou que mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.

“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”

Ainda segundo o comunicado da Ford, a empresa trabalhará imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção. “Trabalharemos intensamente com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”, continuou Watters. “Quero enfatizar que estamos comprometidos com a região para o longo prazo e continuaremos a oferecer aos nossos clientes ampla assistência e cobertura de vendas, serviços e garantia. Isso se tornará evidente ao trazermos para o mercado uma linha empolgante e robusta de SUVs, picapes e veículos comerciais conectados e eletrificados, de dentro e fora da região.”

Watters acrescentou que, além da confirmação da produção da nova geração da Ranger, da chegada do Bronco, do Mustang Mach 1 e da Transit, a Ford também planeja anunciar outros modelos totalmente novos, incluindo um veículo híbrido plug-in. “Isso se alia à expansão de serviços conectados e de novas tecnologias autônomas e de eletrificação nos mercados da América do Sul.”

A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.

Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.

A Ford afirmou que está constantemente avaliando seus negócios em todo o mundo, incluindo a América do Sul, fazendo escolhas e alocando capital de forma a avançar em seu plano de atingir uma margem corporativa EBIT de 8% e gerando um forte e sustentável fluxo de caixa. O plano da Ford prevê o desenvolvimento e a oferta de veículos conectados de alto valor agregado e qualidade – cada vez mais eletrificados –, com serviços acessíveis a uma gama mais ampla de consumidores.